CIBERCULTURA DE PIERRE LEVY


RESENHA

Cibercultura Pierre Lévy

São Paulo, Ed. 34, 1999


 

 


CIBERCULTURA


                                                                                        Mariana Marin1 

 

A proposta de Lévy é pensar a cibercultura, não de forma a fazer uma critica por seus impactos, e nem com o otimismo de que essa seria a solução para todos os problemas do mundo. A cibercultura é um termo conceituado pelo autor, como o "conjunto de técnicas, de práticas, de atividades, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço".

Há de se compreender e reconhecer que o crescimento do ciberespaço foi o resultado de um movimento internacional de jovens em busca de experimentar outras formas de comunicação, diferentes daquelas a nós propostas pela mídia clássica. De fato estamos vivendo a abertura de um novo espaço de comunicação, cabendo apenas a nós explorar as potencialidades positivas oferecidas em um plano econômico, político, cultural e humano.

O autor propõe que nos mantenhamos receptivos em relação às novidades da comunicação, e tentemos compreende-las, mesmo sabendo que nem tudo o que se faz na nova rede digital é bom, a questão não é essa, mas sim, reconhecer as mudanças que resultam das novas redes de comunicação para a vida social e cultural.

Na introdução, Lévy usa o termo dilúvio para fazer uma metáfora da propagação desenfreada dos meios de comunicação, um dilúvio informacional que nunca cessará.

A obra é composta por 18 capítulos divididos em três partes. Na primeira delas, intitulada de Definições, Lévy apresenta idéias sobre os impactos culturais e sociais das novas tecnologias, fazendo uma descrição de alguns dos conceitos que fazem parte e sustentam a cibercultura. Analisando o desenvolvimento das técnicas e seus impactos nas sociedades, a participação do ser humano na cibercultura torna-se uma necessidade. Outro ponto levantado por Lévy trata das variadas formas da interatividade na comunicação em relação à mensagem, abordando o ciberespaço.


A segunda parte do livro, intitulada de Proposições, enfoca as implicações culturais decorrentes do desenvolvimento do ciberespaço, resgatando novas formas das evoluções técnicas da civilização emergente, fazendo também uma análise das novas práticas das comunicações possibilitadas pelo ciberespaço, compreendendo o movimento social que propaga a cibercultura por sua universalidade. Lévy levanta o questionamento de como o desenvolvimento do ciberespaço afeta o espaço urbano e suas organizações, faz uma analogia entre comunidades virtuais e comunidades territoriais; questiona a substituição das funções da cidade clássica pelos serviços e recursos técnicos do ciberespaço e a exploração dos diferentes tipos de articulação entre o funcionamento urbano e as novas formas de inteligência coletiva que ali se desenvolvem.

A terceira parte do livro, intitulada de Problemas, trata das questões negativas, das criticas e conflitos causados pela cibercultura. O autor lembra que o ciberespaço também pode ser colocado à serviço do desenvolvimento individual e regional, apresenta as perguntas mais freqüentes, possibilitando uma reflexão sobre o tema. Lévy enfoca que a cibercultura redefine o conceito de cultura, inventando uma nova “forma de fazer advir a presença virtual do humano frente a si mesmo que não pela imposição da unidade de sentido”.

Em geral, Lévy propõe uma reflexão aprofundada das mudanças culturais que ocorrem a partir da familiarização e do uso das novas formas de comunicações e da informática e seus impactos nas sociedades atuais.

 

 

 

 

 


1 Estagiária da Clínica de Psicologia da UNIJUÍ


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